SAIBA MAIS SOBRE O MEU TRABALHO

ARTES VISUAIS E CINEMA SOLO

Durante a universidade, ao realizar a prática cinematográfica pude perceber que os frames fílmicos isoladamente, eram imagens dotadas de sentido próprio. Mesmo estáticas elas carregavam suas próprias histórias mínimas. No cinema o encadeamentos delas através da montagem geram movimento, ritmo, e a narrativa cinematográfica se estabelece. Porque não me utilizar destas mesmas imagens estáticas para narrar outras histórias possíveis?!  

       Logo, em minha pesquisa e produção de colagens analógicas busco justamente resignificar estas imagens, retirando-as dos contextos em que estavam para contar outras histórias. Me aproprio de imagens de recortes de revistas, jornais, livros antigos, fotos de arquivo e fotografias pessoais, e a partir destas figuras anacrônicas, experimento novas possibilidades. Um estudo sobre proporções e combinações de formas e símbolos, sobrepostos em camadas, em que os personagens e o contexto em que estão inseridos são narrativas isoladas, num universo imagético possível, que vou combinando arbitrariamente e criando novas possibilidades estéticas. 

Dentro da minha pesquisa com colagens, destaco a figura da fotografa e artista alemã Grete Stern, que depois veio a residir em Buenos Aires. Grete conseguia através de suas foto-montagens realizar fortes críticas à sociedade patriarcal da década de 40, na argentina, disfarçadas de colagens esteticamente agradáveis numa revista feminina de futilidades. O que me interessa muito no trabalho de Grete é justamente o resultado estético e socio-político entremeados, impossíveis de dissociar.        

            Além da colagem analógica procuro desenvolver experimentações em costura e bordado, sobre tecido e outras superfícies, para resgatar esta prática doméstica que cabia quase que exclusivamente às mulheres desde o início da civilização. A ação de bordar/costurar, desenvolvidas pelas comunidades femininas em rodas de conversa e trocas de experiências. O bordado como resgate de um tempo mais orgânico e distendido, oposto ao tempo das novas tecnologias, e virtualidades. Um fazer doméstico que é também fazer artístico, já que por muitos séculos era o único suporte permitido às mulheres para se expressarem no mundo.  

            E por último destaco o desenvolvimento e realização de vídeos experimentais e performáticos. Um retorno à minha formação acadêmica, mas desta vez voltada para minha pesquisa nas artes visuais, tendo por premissa o domínio total da criação e da produção do vídeo. Uma espécie de experimentação de um “cinema de uma pessoa só“, parte-se de um roteiro em que o único personagem é o próprio autor.